sexta-feira, 18 de setembro de 2015

"É passageira a felicidade de todos esses que vês caminhar com arrogância."

A citação do título é atribuída a Sêneca, filósofo, advogado, escritor e intelectual na época do Império Romano.(1)

Oportuna foi a citação ao filósofo Romano, pois hoje não pude deixar de vivenciar da maneira mais pura a arrogância e como - talvez - tratar alguém arrogante.

Não foi a primeira vez e tenho certeza que não será também a última vez que encontro advogados, colegas de profissão, que são extremamente arrogantes. Na verdade, acho que o percentual de pessoas arrogantes no meio jurídico deve ser muito maior do que em outras áreas. Não importa se são eles ocupantes de cargos públicos (2) ou apenas advogados e, também, apenas aqueles que estão estudando direito.

Mas o que define uma pessoa arrogante? Sem dúvida, a característica mais proeminente de um arrogante é a sua postura de quem se "acha" superior aos outros, assim como sua extrema confiança e certeza de que eles são efetivamente superior ao resto da humanidade.

Aos arrogantes o mundo em preto e branco é dos tolos, pois estes nada sabem, nada conhecem e nada fazem. São, para os arrogantes, eles os sábios do mundo colorido, os maiores conhecedores, os que tem as maiores habilidades e inteligência e os outros são apenas os outros.

Questiono-me porque tais pessoas se acham superiores? Algumas se acham superiores porque acham que tem mais dinheiro que os outros, ou mais títulos acadêmicos, ou mais patrimônio, ou mais experiência.

Sim, algumas pessoas acham-se superiores porque tem mais experiência e como dizem "mais anos de vida". Esquecem-se que anos de vida não quer dizer experiência em uma área específica da vida. Explicando em outra palavras, não é porque a pessoa tem mais anos de trabalho, por exemplo, na área de engenharia civil, trabalhando na construção de edifícios esta mesma pessoa será totalmente ou melhor que alguém que só constrói casas ou industrias. Imaginem então essa pessoa dizer-se mais "experiente" (e portanto superior ao seu interlocutor) quando o assunto é conversar com seu filho adolescente? ou sobre permacultura? ou quiça sobre tributos?

Esta pessoa pode ter sim mais experiência de vida em algo, mas nunca será conhecedora de tudo. Como dizem algumas pessoas, são as falsas generalizações que dão a entender que são verdades absolutas e as mais corretas. São apenas estratagemas de argumentação.

E finalmente talvez tenhamos chegado a uma proposição do porquê grande parte de meus colegas da área jurídica sejam arrogantes. Talvez porque gostem de argumentar e sempre queiram vencer com suas argumentações.

Grande parte olvida-se  - até mesmo - de deixar a figura do "jurista" no trabalho e trata familiares e amigos como "adversários" ou pares que precisam ser o tempo todo convencidos de algo ou submetidos às suas verdades superiores.

Questiono-me se eu também não tenho um pouco desta arrogância? A resposta é sim. O tempo me ensinou a ver o quão tóxica e danosa foi e é esta postura quando a ocupo. Ao menos já sai da ignorância total e hoje me policio para tentar frear tais atitudes, pois sei que isto me prejudica, não só com as pessoas que realmente prezo, mas também "fecha portas" em termos profissionais.

E como lidar com as pessoas arrogantes? Penso hoje que existam duas posturas que se podem tomar ao deparar-se com um arrogante: a primeira, e mais fácil também, é deixar com que o arrogante seja arrogante, aquietar-se com sua postura e fingir que concorda com tudo que o arrogante diz, pois no final das contas nada o fará mudar sua posição e isto também o deixará feliz , sem ele saber o ridículo que passa; a segunda posição e mais difícil é se opor ao arrogante, servindo-lhe de espelho a sua arrogância, para quem sabe tentar mostra-lhe a maneira nociva com que age.

Creio que existam outras posturas para tratar a um arrogante, por ora são estas as alternativas que tenho usado.



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