Eis o ditado que pode ser interpretado de várias formas.
Uma das mais óbvias interpretações é aquela que explica que quando uma pessoa fala demais, as vezes sem saber o que está dizendo, acaba se excedendo parecendo um burro (=animal).
Mas porque lembrei da frase hoje? Primeiro porque no caminho pra casa, na saída do trabalho, vim escutando a rádio e ouvia os comentários do Juca Kfouri sobre a entrevista do presidente da CBF, Ricardo Teixeira que fala muito, mas não explica nada.
Parece lugar comum, mas parece uma cultura difundida em nosso País que todos façam coisas erradas, quer seja na politica (vide Sarney, Lula, Collor, Dilma, etc) , quer seja em suas casas, ou mesmo dirigindo uma Confederação futebolística.
Mas por que realmente lembrei do ditado é por uma coisa que me aconteceu hoje.
Tenho uma amiga que é estagiária de direito em um grande escritorio aqui em São Paulo e venho acompanhando a "carreira juridica" dela desde antes que entrasse nesse escritorio.
Pois bem, pra quem não sabe, sou advogada formada há 11 anos e tento cada dia mais aprender um pouquinho mais do direito e, principalmente, das pessoas que fazem o direito.
Há cerca de duas semanas atrás minha amiguinha estagiária e sofredora, foi incumbida de fazer um Recurso, bem complicado para quem está apenas aprendendo (aliás, complicado até pra quem já tem a famosa "carteirinha").
Ela então veio me procurar para que eu a ajudasse e eu (depois de tudo que sofri no começo da carreira) obviamente me prontifiquei a ajudá-la e ensiná-la. (obs: isso se chama "lealdade").
Depois de 1 semana sofrendo e algumas horas a mais depois do expediente em meu escritório, finalmente conseguimos fazer o trabalhoso Recurso.
Já vi e fiz esse tipo de Recurso inúmeras vezes, mas minha amiga nunca tinha visto "mais gordo" e por isso sofreu por dias, inclusive noites sem dormir.
Chegava então a data de apresentar o Recurso aos chefes e minha amiga acabou ficando adoentada e teve que se ausentar justo na semana em que deveria ter sido apresentado o Recurso a Justiça. Mesmo muito adoetada e de cama ela se preocupou com a sua "obra", ligando para os seus chefes, lembrando que ela já tinha feito o que eles lhe haviam pedido.
Depois de quase longos 10 dias, com passeios ocasionais na emergência do hospital, minha amiguinha voltou ao escritorio e a primeira coisa que ela fez? Foi - então - perguntar do Recurso que lhe tirou horas de sono antes de cair na cama doente.
Primeira pergunta: "E ai chefinha? como estava o meu recurso?"
Resposta da chefinha: "Estava muito ruim".
(ps: dialogos parecidos com os reais, mas com o mesmo significado)
Lógico que minha amiga ficou arrasada. Me mandou mensagem no celular narrando a conversa e dizendo que estava muito triste.
No final do dia de hoje, então nos encontramos na net e ela me mandou o Recurso que a chefe dela fez, em substituição ao que ela e eu fizemos.
Qual a diferença? Palavras, mais nada!
Fui então olhar o "numero da carteirinha" dela. Tem apenas 1 ano e meio!
A verdade é: nossa amiga "adevogada" quando viu o Recurso da minha amiga "estagiária" se sentiu "ofendida" por que o escrito dela estava bem feito. Mas porque ela faria isso?
(E eu... como aluna curiosa levanto a mão pra responder a pergunta)
A resposta é: orgulho.
Mas o que isto tem a ver? Sim... tem tudo a ver! Orgulho tem dois significados: um bom e outro ruim.
O bom é "sentimento de prazer, de grande satisfação sobre algo que é visto como alto, honrável, creditável de valor e honra; dignidade pessoal, altivez". E o significado ruim , ou pejorativo é: "sentimento egoísta, admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância, soberba, imodéstia; atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; vaidade, insolência"
Obviamente o significado que quero usar aqui para descrever a atitude da "chefinha" da minha amiga "estagiária" é o pejorativo.
Aliás, porque ela seria arrogante? Óbvio! Ninguem gosta de admitir que tem alguem que pode se esforçar e fazer as coisas até mesmo melhores do que fazemos. Nos setimos burros, nos sentimos inferiores... enfim nos sentimos mau.
Então o que fazer? Descontar em alguem, que no caso foi minha amiga "estagiária".
Digo isso não só porque conheço um pouquinho de advogados(as) (afinal, sou uma); mas também afirmo que foi isso, porque já passei por isso e também reagi assim.
Sim, eu também fui arrogante, soberba, vaidosa e não tenho medo de admitir isso. Aprendi que estas atitutes não levam a nada, pelo contrário, somente nos prejudicam. E foi aí que aprendi (e aprendo) a me vigiar e tentar não errar, porque todo erro tem uma consequencia boa e uma consequencia má.
E ai?! (pergunto novamente)
E aí que isso tem tudo a ver com o ditado que iniciou toda esta reflexão de agora.
Porque não adianta errar e tentar justificar os erros e continuar errando. Mais cedo ou mais tarde ou você percebe que errou e tenta corrigir; ou então um espertinho mais rápido que você vai fazer o que você fez com o outro.
2 comentários:
Interessante seu texto. Passei por isso em uma agência de Publicidade, afinal, muitos publicitários têm o ego maior que o universo, daí sentimos que somos os mais criativos, os mais comunicativos, os mais "antenados", ou seja, "os mais" e na verdade, alguns podem ser realmente excelentes profissionais, mas não precisam usar disso para "atropelar" os colegas, estagiários ou até aqueles com cargos superiores. Ainda acredito na humildade, no "jogo limpo", na parceria na vida pessoal e profissional, por que não? Todos saem ganhando.
Vanessa, BH.
Muito interessante seu texto.
Estava aqui refletindo sobre está frase e achei esta maginifica explicação... No momento não é para esta finalidade que estou a usando, mas não deixa de ser...
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