quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pessoas Difíceis - Parte 2

Resolvi voltar ao tema "pessoas difíceis" para tentar entender e compreender mais um pouquinho a respeito delas (talvez de mim).
Como já disse antes, sou uma pessoa difícil e não só porque nasci uma pessoa difícil, mas porque também me tornei uma pessoa difícil. Estes últimos dias não foram fáceis pra mim, pois além da "tristeza" (tentando suavizar o termo depressão) que quer bater na minha porta novamente, venho passando por dificuldades no meu trabalho e financeira que vem acrescido de cobranças de familiares.
Ainda hoje, olhando para o passado, consigo me lembrar de uma criança que fui e que era alegre, mas que com o passar dos anos foi se magoando profundamente o que trouxe como consequência a pessoa difícil que sou hoje: com dificuldades em me relacionar com amigos e familiares.
Não posso deixar de fazer constar que grande parte das mágoas que sofri foram dentro da minha própria familia, com as cobranças constantes de um pai autoritário, repressivo e que não conseguia (consegue) ver nada de bom no modo de viver das outras pessoas que não sejam ou pensem como ele.
A verdade é que crescemos em 3 filhos desse mesmo pai, que ao lado de uma mãe - que é e sempre foi totalmente compreensiva das mazelas da vida e do mundo; - criou somente 1 filho (o mais velho - não eu) que conseguiu superar (ou talvez afastar-se) dessa influência que tivemos e temos desse homem que fomos forçados a compreender e amar do jeito que ele é.
Eu, por meu lado me tornei uma pessoa difícil tentando superar minhas barreiras (talvez mais psicológicas) para tentar ser uma pessoa melhor.
Já não posso dizer qualquer coisa positiva que esse homem (chamado pai) possa ter trazido ao meu irmão mais novo,  já que este desenvolveu (ou talvez nasceu com) esquizofrenia tornando-se totalmente alienado do que os outros sentem; ou melhor, como característica da doença dele, se aliena do que o outro sente, dando apenas importância ao que ele próprio sente. Alias, por incrível que pareça , esse meu irmão doente - ainda que esquizofrênico - não consegue deixar de ser afetado pelo mesmo pai que não o aceita como doente e cobra coisas e atitudes (da mesma forma autoritária e repressiva) .
Soa estranho alguém adulto ainda hoje dizer-se ressentido de um pai que lhe fez mal. Mas a verdade é que até chegar ao ponto de compreender todas as rejeições que esse pai falava e o quanto me fizeram mal, levei alguns anos.
Dessa forma levei anos pra compreender que ser acima do peso não era algo que me tornava repugnante, como meu pai sempre jogava na minha cara. Esse homem dizia e repetia desde que eu era criança que mulher gorda era feia e nojenta. Na cabeça dele essa era a forma de me "incentivar" a emagrecer. Hoje compreendo que emagrecer não era algo que me tornaria bonita, melhor ou mais desejada. Isso só compreendi depois que  algumas pessoas, que passaram na minha vida e que sempre me desejaram da forma como eu era (seja mais gorda ou menos gorda), me ajudaram a lidar.
Da mesma forma ainda tento compreender porque alguém não pode ser boa pessoa porque não é totalmente branco, já que na concepção do meu pai, qualquer um com a cor um pouco mais escura de pele não presta.
Agora a última desse ser que me deu a vida é que o dinheiro tem que estar acima de tudo. Nas palavras dele: dinheiro em primeiro, segundo, terceiro e até vigésimo lugar na vida. O pior é a sequência do "ensinamento" que vem com uma cobrança direta para que eu ganhe dinheiro, já que atualmente estou com dificuldades financeiras.
É difícil me olhar de fora e não me compreender como uma pessoa difícil de lidar; já que fui e sou ainda bombardeada por "lições" de vida pouco produtivas para o dia-a-dia. Imaginem então ouvir isso desde que você nasceu até hoje, passados mais de 34 anos?! Não é à toa que fico nessa "tristeza".
O que passo talvez não seja nem um milésimo do que outras pessoas passam ou passaram.
Assim, se caso você encontre uma pessoa difícil, como eu, na sua frente, não entre na "onda ruim" que carregamos. Tente não se contaminar, mas tente ser apenas educado e gentil; e, por favor, não sinta pena!

3 comentários:

Pâmela disse...

Acho bacana essa primeira atitude, de admitir que é uma pessoa difícil.
Todos nós temos uma história de vida repleta de pessoas que nos influenciaram, vivências que nos compõem, episódios que nos modificam. O resultado é essa mistura toda que é cada ser humano.
A base de tudo é o respeito, apesar das diferenças, dos dias ruins e dos traumas. Se há respeito, há interação e diálogo, independente do gênio de cada um.

Anônimo disse...

Continue a contar...Eu gosto de te "ler".

Anônimo disse...

Olha.. Li isso hj em 2014,e nunca me identifiquei tanto. Sou solteira, e o terceiro emprego que eu perco por ser grossa estuda e me acusam de não ser humilde. De não abaixar a cabeca pra ninguém. Que sou gorda pq nunca quis emagrecer pq não me esforço pra nada e sempre desisto fácil. Nada me agrada pq eu sou difícil.. Não sei o q fazer. Essa tristeza me sonda . ta ruim demais..